MARCAS E HISTÓRIAS: HBO

Os primeiros indícios de uma expansão da HBO para a América Latina apareceram em 1989, com o lançamento do Selecciones, um sinal alternativo de áudio em espanhol disponível durante parte da programação da HBO nos Estados Unidos.[9] Até o final de 1991, a HBO já estava com um canal em operação na América Latina,[9] mas não em português. As operações iniciais do grupo na região aconteceram através da parceria da Time Warner com a venezuelana Omnivisión Latinoamérica Entertainment (OLE), que formou a HBO Olé Partners naquele ano.[10][11][12] Hoje, conhecida como HBO Latin America Group, ainda mantém a operação dos canais HBO e de uma série de outros licenciados de terceiros.[13] Posteriormente, a Sony Pictures também entrou na empreitada, garantindo ao canal a exclusividade nos lançamentos da Columbia e Tristar.[7][14]

Logo depois que a iniciativa latino-americana havia sido lançada, a HBO Olé estava em busca de um parceiro para sua chegada ao Brasil. Da mesma forma, os dois grandes grupos brasileiros que estavam investindo em televisão por assinatura, as Organizações Globo (Globosat e NET) e o Grupo Abril (TVA), também procuravam parcerias com grandes estúdios para a programação de seus canais de filmes. A HBO foi considerada pela Globo, mas o negócio não foi levado adiante porque a parceria garantiria, à época, apenas a Warner Bros.[15] A escolha definitiva foi o Grupo Abril, que estava no início das operações da operadora TVA, para entrar como sócio minoritário.[16] A HBO Brasil acabou entrando no ar no dia 1 de julho de 1994,[17] programada pelo crítico de cinema Rubens Ewald Filho.[18] Neste ano a HBO também instalou-se como programadora de outros canais em território brasileiro. Sua primeira investida foi a inclusão de um canal no pacote básico, o Sony Entertainment Television. Posteriormente, com a passagem dos anos, mais canais e parcerias foram feitas pela HBO Olé Partners nesse sentido.[7] Na TVA, a HBO Brasil entrou no lugar do canal de filmes Showtime (não relacionado ao canal homônimo norte-americano).[19] A Abril, no entanto, garantiu também que seu sinal fosse distribuído em exclusividade pela TVA.[20][21] Na mesma época, seu principal parceiro Telecine, da Globosat, também se consolidava no país com a parceria dos estúdios Walt Disney Pictures20th Century FoxParamountMGM e Universal.[22]

Continuando sua trajetória de pioneirismos tecnológicos, a HBO Brasil, ainda em dezembro do seu primeiro ano (1994), realizou transmissões experimentais em 3D, distribuindo óculos anaglíficos para os seus assinantes e oferecendo pares adicionais a um real cada.[23] A programação em três dimensões ficou reservada a programetes entre os filmes.[24] O canal foi também o primeiro a adotar o multiplexing no Brasil, oferecendo a HBO2, com a programação do canal original seis horas atrasada em março de 1995.[7] Até a metade de 1996, a HBO Brasil contava com 686 486 assinantes,[18] número que aumentou com a chegada daquele que seria um dos seus principais parceiros: a DirecTV,[25] que, no final de 1999, entrou num contrato de exclusividade de US$ 250 milhões com a HBO no satélite, válido por 5 anos.[26] Em 1997, através de participação societária,[27] mais um estúdio entrou no canal: a Walt Disney Pictures e seus coligados.[17] No mesmo ano, o Cinemax, que já existia na América Latina desde fevereiro de 1994,[14] é lançado no país, totalizando, à época, uma oferta de 3 canais premium.[7] Em julho de 2000, veio uma grande mudança no comando da HBO Brasil: o Grupo Abril começou a desvincular-se do papel de programador de canais, ficando apenas com a MTV Brasil e vendendo seus 25% da sociedade de volta à HBO, por cerca de US$ 43 milhões.[28] Em outubro, agora comandado diretamente do exterior, mais um reforço: o Cinemax Prime estreou para complementar o pacote da HBO,[29] desta vez antes que o restante da América Latina (que tinha a HBO Plus).[30] Além dos novos canais, a saída da Abril fez com que a programação fosse dirigida à sede do HBO Latin America Group, em Coral Gables, na Flórida,[31] restando apenas um escritório comercial e de marketing em São Paulo.[26]

O pacote do qual a HBO Brasil fazia parte finalmente consolidou-se em 18 de dezembro de 2003, quando ficaram disponíveis no Brasil a HBO Plus e a HBO Family, inicialmente apenas através da DirecTV. Com isso, somavam-se cinco canais na sua grade: HBO, HBO Family, HBO Plus, Cinemax e Cinemax Prime, cada um acompanhado de sua versão com diferença de horário (a HBO2 era um desses), fechando a conta em dez canais.[32] Em 16 de março de 2005, a HBO Brasil, junto do pacote HBO Max, finalmente chegou às demais operadoras de cabo, com a inclusão dos seus canais na NET, a maior operadora do país na TV por assinatura.[33] No satélite, a Sky Brasil, que foi adquirida pela DirecTV, acabou ganhando os canais com a fusão das duas operadoras, em 2006.[34] Assim, seus dois contratos de exclusividade estavam rompidos e a HBO Brasil estava livre para negociação com outras operadoras. Porém, tanto na NET quanto na Sky, sua disponibilidade estava condicionada à assinatura obrigatória dos canais Telecine, e a situação permaneceu assim até dezembro de 2009.[35] Sua versão simulcast em HD estreou no Brasil em 1 de outubro de 2008 pela TVA.[36] Março de 2010 também foi a saída da Sony Pictures da sociedade com a HBO Latin America Group,[37] acompanhada pela Disney.[38] Com isso, o grupo fica apenas com a Time Warner e a OLE.

Agosto de 2011 veio com uma perda para a HBO, que deixou de contar o Walt Disney Studios no Brasil. As demais operações na América Latina permanecem com a parceria. A transição ocorrerá por mais dois anos, enquanto conteúdos da Disney permanecerão com a HBO, mas a janela premium de estreias passa a ser da Rede Telecine, que em outubro de 2011 já começou a exibir os filmes da nova parceria.[39] O anúncio veio em meio a polêmicas: o Telecine alegou possuir cerca de 70% das estreias (contando a Disney), o que foi rebatido pela HBO, que diz ter mais de 50% das grandes bilheterias na sua programação. A principal questão foi, no entanto, que a HBO disse ter rompido o acordo com a Disney espontaneamente, para "abrir espaço às novas produções brasileiras",[40] contradizendo também o depoimento de Fernando Barbosa, vice-presidente da Disney para a América Latina, que disse ter sido uma questão financeira, pelo fato de o Telecine possuir mais audiência e pagar mais por assinante.[38] Para completar, Alberto Pecegueiro, diretor-geral da Globosat, declarou que mantém boas relações com todos programadores, exceto a HBO, que considera "bandidos". O canal não quis responder.[41]

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