MARCAS E HISTÓRIAS: DISNEY

No início de 1923, em Kansas CityMissouri, o animador Walt Disney criou um curta-metragem intitulado Alice's Wonderland, que contou com a atriz mirim Virginia Davis interagindo com personagens animados. Em 1923, após a falência de sua primeira firma, a Laugh-O-Gram Films,[9] Walt Disney mudou-se para Hollywood para se juntar a seu irmão, Roy O. Disney. A distribuidora de filmes, Margaret J. Winkler, da MJ Winkler Productions contactou Disney, com planos para distribuir uma série de Alice Comedies, comprada por 1.500 dólares por carretel com Walt Disney sendo um parceiro de produção. Walt e Roy Disney formaram no mesmo ano a Disney Brothers Animation Studios. Outros filmes animados seguiram depois de Alice.[10] Em janeiro de 1926, com a conclusão da expansão do estúdio Disney na Hyperion Street, o nome do estúdio foi alterado para Walt Disney Studios.[9]

Após o fim de Alice Comedies, a Disney desenvolveu uma série de desenhos animados estrelados pelo seu primeiro personagem original, Oswald, o Coelho Sortudo,[10] que foi distribuído pela Winkler Pictures através da Universal Pictures.[9] A propriedade de Oswald pertencia aos distribuidores, de modo que a Disney fez pouco dinheiro.[10] Depois que Walt Disney completou 26 curtas de Oswald, ele perdeu o contrato em fevereiro de 1928, quando o marido de Winkler, Charles Mintz, assumiu sua empresa de distribuição. Depois de não conseguir comprar os estúdios Disney, Mintz contratou quatro animadores principais de Walt (com exceção de Ub Iwerks) para iniciar o seu próprio estúdio de animação, Snappy Comedies.[9]

1928–1934: Mickey Mouse e Silly Symphonies

Ver artigo principal: Silly Symphonies
Flowers and Trees (1932), curta de Silly Symphonies que foi a primeira animação colorida lançada comercialmente.

Em 1928, para se recuperar da perda de Oswald, Disney teve a ideia de um personagem rato chamado Mortimer, enquanto estava em um trem que seguia para a Califórnia, e rabiscava alguns desenhos simples. O rato foi rebatizado mais tarde de Mickey Mouse (A esposa de Disney, Lillian Bounds Disney, não gostou de como soava 'Mortimer Mouse'[11]) e estrelou vários curtas produzidos pela Disney. Ub Iwerks foi o responsável pelo design inicial de Mickey Mouse.[10] O primeiro filme sonoro da Disney, Steamboat Willie, um desenho animado estrelado por Mickey, foi lançado em 18 novembro de 1928,[9] através de empresa de distribuição de Pat Powers. Foi o primeiro filme de Mickey Mouse com som lançado e o terceiro de Mickey a ser produzido, atrás de Plane Crazy e The Gallopin Gaucho.[9] Steamboat Willie foi um sucesso imediato, e seu sucesso inicial foi atribuído não apenas ao apelo do Mickey como um personagem, mas pelo fato de que ele foi o primeiro desenho animado com o som sincronizado.[10] A Disney usou o sistema Cinephone, criado por Pat Powers com o sistema Phonofilm.[10] Steamboat Willie estreou no Colony Theater em Nova York.[12] Os curtas anteriores de Mickey, Plane Crazy e The Gallopin Gaucho foram então adaptados com música sincronizada e relançados com sucesso em 1929.[9]

A Disney continuou a produzir desenhos animados com Mickey Mouse e outros personagens, e começou a série Silly Symphonies com a Columbia Pictures assinando como distribuidora em agosto de 1929. Em setembro de 1929, o gerente do Harry Woodin Theatre pediu permissão para iniciar um Mickey Mouse Club, e Walt aprovou. Em novembro, tiras de desenhos em fases de teste foram enviadas para a King Features, que pediram amostras adicionais para enviar ao editor, William Randolph Hearst. Em 16 de dezembro, a estrutura da Walt Disney Studios foi reorganizada como o nome de Walt Disney Productions, com a Walt Disney Enterprises sendo o nome de uma divisão de merchandising, e duas subsidiárias, a Disney Film Recording Company Limited e a Liled Realty and Investment Company para investimentos em imobiliárias. Walt e sua esposa detinham 60% (6.000 ações) e Roy possuía 40% da WD Productions. Em 30 de dezembro, a King Features assinou seu primeiro jornal, New York Mirror, e publicou uma história em quadrinhos de Mickey Mouse com a permissão de Walt.[9]

Em 1932, a Disney assinou um contrato exclusivo com a Technicolor (até o final de 1935) para a produção de desenhos animados em cores, começando com Flowers and Trees (1932). Disney lançou desenhos animados através da Powers' Celebrity Pictures (1928-1930), Columbia Pictures (1930-1932) e United Artists (1932-1937).[13] A popularidade da série de Mickey Mouse permitiu que Walt planejasse sua primeira animação em longa-metragem.[10]

1934-1945: Branca de Neve e os Sete Anões e Segunda Guerra Mundial

Poster original de Branca de Neve e os Sete Anões (1937)
Poster alemão de 20.000 Léguas Submarinas (1954)

Decidida a expandir as fronteiras da animação ainda mais, a Disney começou a produção de sua primeira animação de longa-metragem em 1934. Levando três anos para ser concluída, Branca de Neve e os Sete Anões estreou em dezembro de 1937 e tornou-se na época o filme da maior bilheteria em 1939.[11] Branca de Neve foi lançado pela RKO Radio Pictures, que tinha assumido a distribuição dos produtos da Disney em julho de 1937,[9] após a United Artists tentar conseguir os direitos televisivos futuros para os curtas da Disney.[14] Usando os lucros de Branca de Neve, Disney financiou a construção, em uma área de 210 mil metros quadrados, de um novo complexo para os estúdios em Burbank, Califórnia. O novo Walt Disney Studios, em que a empresa está sediada até hoje, foi concluído em 1939.[9]

O estúdio continuou lançando curtas e longas metragens de animação, como Pinóquio (1940), Fantasia (1940), Dumbo (1941) e Bambi (1942).[10] Quando a Segunda Guerra Mundial começou, os lucros da bilheteria diminuíram. Quando os Estados Unidos entrou na guerra após o ataque a Pearl Harbor, muitos dos animadores da Disney foram convocados para as forças armadas. Os governos dos Estados Unidos e do Canadá encomendaram do estúdio filmes de treinamento e propagandas militares. Em 1942, 90% de seus 550 funcionários estavam trabalhando em filmes relacionados à guerra.[15] Filmes como a A Vitória Pela Força Aérea e o curta Educação para a Morte (ambos de 1943) foram feitos para aumentar o apoio público aos esforços de guerra. Até os personagens do estúdio se juntaram à campanha, como Pato Donald, que apareceu em uma série de curtas cômicos da guerra, incluindo o vencedor do Oscar de melhor curta-metragem de animaçãoDer Fuehrer's Face (1943).[16]

1946–1954: Pós-Guerra e TelevisãoEditar

Com uma equipe limitada e pouco capital de giro durante e depois da guerra, as animações da Disney na maior parte da década de 1940 eram "filmes pacotes", ou seja coleção de curtas, tais como Você Já foi a Bahia? (1944) e Tempo de Melodia (1948), que foram mal nas bilheterias. Ao mesmo tempo, o estúdio começou a produzir filmes em live-action e documentários. A Canção do Sul (1946) e So Dear to My Heart (1948) contaram com segmentos de animação, enquanto a série de curtas-documentários True-Life Adventures, que incluiu filmes como Seal Island (1948) e The Vanishing Prairie (1954), também foi populares e ganhou inúmeros prêmios.[17][18]

O lançamento de Cinderela, em 1950, mostrou que a animação de longa-metragem ainda poderia ter sucesso no mercado. Outros lançamentos do período incluem Alice no País das Maravilhas (1951) e Peter Pan (1953). Nesta época, a Disney lançou seu primeiro longa-metragem 100% live-actionTreasure Island (1950).[19] Outras produções iniciais da Disney 100% live-action incluem: Robin Hood, o Justiceiro (1952), A Espada e a Rosa (1953), e 20.000 Léguas Submarinas (1954). Em 1953, a Disney terminou seu contrato de distribuição com a RKO, e abriu sua própria empresa de distribuição, Buena Vista.[9]

Em dezembro de 1950, Walt Disney Productions e The Coca-Cola Company uniram-se para a primeira produção da Disney para a televisão, um especial da BBCOne Hour in Wonderland.[20] Em outubro de 1954, a rede ABC lançou a primeira série da Disney na televisão, Disneyland, que viria a tornar-se uma das séries em horário nobre de maior duração na história.[21] Disneyland permitiu a companhia uma oportunidade para lançar novos projetos para os mais velhos, e a ABC tornou-se parceira da Disney no financiamento e desenvolvimento do próximo investimento da Disney, localizado no meio de um laranjal perto de AnaheimCalifórnia. Foi a primeira fase de um longo relacionamento corporativo que, embora ninguém pudesse ter previsto na época, culminaria, quatro décadas mais tarde, na aquisição da rede ABC pela Disney, suas estações de rádios, suas numerosas TVs a cabo e editoriais.[22]

1955–1965: Disneyland

Walt Disney mostra os planos da Disneyland para funcionários do Condado de Orange, em dezembro de 1954. A foto foi tirada no Disney Studios em Burbank.

Em 1954, Walt Disney usou a sua série Disneyland para desvendar o que se tornaria o parque Disneyland, uma ideia concebida a partir de um desejo de um lugar onde os pais e as crianças pudessem se divertir juntos.[11] Em 17 de julho de 1955, o parque temático foi inspecionado durante uma transmissão de televisão ao vivo apresentada por Art Linkletter e Ronald Reagan e, em 18 de julho de 1955, Walt Disney abriu a Disneyland para o público em geral. Depois de um início instável, a Disneyland continuou a crescer e atrair visitantes de todo o país e ao redor do mundo. A grande expansão em 1959 incluiu a adição do primeiro monotrilho.[23]

Para a feira do New York World de 1964, a Disney preparou quatro atrações separadas para vários patrocinadores, cada um dos quais iria encontrar o seu caminho para a Disneyland, de uma forma ou de outra. Durante este tempo, Walt Disney também foi secretamente comprando novos sítios para um segundo parque temático da Disney. Em novembro de 1965, a Disney World foi anunciada, com planos para parques temáticos, hotéis e até mesmo uma cidade modelo em milhares de hectares de terras adquiridos em OrlandoFlórida.[10]

A Disney continuou a centrar os seus esforços na televisão ao longo dos anos 1950, como o programa infantil Mickey Mouse Club e seu elenco de jovens "Mouseketeers", que estreou em 1955 com grande sucesso.[9] Tão popular quanto esta foi a série Zorro, que estreou dois anos mais tarde, e permaneceu no ar por duas temporadas na ABC.[24] Apesar de tanto sucesso, a Walt Disney Productions investiu pouco em novos empreendimentos para a televisão na década de 1960, com exceção da série antológica de longa duração, mais tarde conhecida como O Maravilhoso Mundo de Disney.[9]

Os estúdios de cinema da Disney permaneceram ocupados também, com uma média de cinco ou seis lançamentos por ano durante este período. Enquanto a produção de curtas diminuiu significativamente durante os anos 1950 e 1960, o estúdio lançou uma série de filmes de animação mais populares, como A Dama e o Vagabundo (1955), A Bela Adormecida (1959) e Os 101 Dálmatas (1961). A Bela Adormecida introduziu um novo processo de xerografia para transferir os desenhos para os cels na animação.[10] Os filmes em live-action da Disney abrangiam uma série de gêneros, incluindo ficção histórica (Johnny Tremain, 1957), adaptações de livros infantis (Pollyanna, 1960) e comédias modernas (The Shaggy Dog, 1959). O filme de maior sucesso da Disney na década de 1960 foi o musical Mary Poppins, que foi uma das maiores bilheterias de todos os tempos, e recebeu cinco prêmios da Academia, incluindo Melhor Atriz para Julie Andrews.[25]

1966–1971: Mortes de Walt e Roy O. Disney, e a abertura do Walt Disney World

Em 15 de dezembro de 1966, Walt Disney morreu de complicações relacionadas a um câncer de pulmão.[9] Seu irmão, Roy O. Disney, tomou posse como presidente e CEO da empresa e um de seus primeiros atos foi renomear a Disney World para Walt Disney World em homenagem ao seu irmão e à sua visão.[26]

Em 1967, foram lançados os dois últimos filmes que Walt supervisionou: a animação Mogli e o musical The Happiest Millionaire.[10] O estúdio lançou uma série de comédias no fim dos anos 60, incluindo The Love Bug (filme de maior bilheteria em 1969) e The Computer Wore Tennis Shoes (1969), estrelado por outra jovem descoberta da Disney, Kurt Russell.[27] A década de 1970 começou com o lançamento do primeiro filme de animação "pós-Walt", Os Aristogatas, seguido de um retorno, em 1971, às fantasias musicais com Bedknobs and BroomsticksBlackbeard's Ghost, outro filme de sucesso durante este período.[9]

Em 1 de outubro de 1971, a Walt Disney World foi aberta ao público e, em 20 de dezembro de 1971, Roy Disney morreu de um acidente vascular cerebral.[28] Ele deixou a empresa sob o controle de Donn Tatum, tendo como presidentes Card Walker e o genro de Walt, Ron Miller, cada um treinado por Walt e Roy.[29]

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