MARCAS E HISTÓRIAS: BRADESCO
procedente da Casa Bancária Almeida & Cia., com sede em Marília, instituição financeira fundada pelo Coronel Galdino de Almeida e o Coronel José da Silva Nogueira, cujo presidente era José Alfredo de Almeida (Zezé). Sob o comando do então presidente e controlador, Dr. José da Cunha Júnior, a casa bancária transformou-se em banco, passando a chamar-se Banco Brasileiro de Descontos S.A.[20] Em uma época onde os demais bancos tinham como foco os grandes proprietários de terra, o banco usou como estratégia se aproximar das camadas com menos posses, como pequenos comerciantes e funcionários públicos, aliado a um conjunto de valores e quebra de paradigmas guiados por seu fundador Amador Aguiar.[3][21][22] Foi um dos primeiros bancos a estimular o uso de cheque aos seus correntistas, que foram orientados a preencher as folhas nas próprias agências.[19][23]
Em 1946, a matriz foi transferida de Marília para a capital paulista, na rua Álvares Penteado, centro financeiro da cidade. Suas agências passaram a receber pagamento de contas de energia elétrica, então uma verdadeira inovação no país.[19][24][20][25][26] Um ano depois, ao tomar conhecimento da expansão do café no norte do Paraná, o Banco Bradesco iniciou sua expansão na região.[21]
Em 1951, oito anos após sua fundação, o Banco Bradesco tornou-se o maior banco privado do Brasil.[19] No começo da década já era considerado o maior banco brasileiro no conceito de depósitos à vista, posto até então ocupado pelo Banco Lavoura.[21]
Em março de 1953, inaugurou a Cidade de Deus que, 4 anos depois, se tornou matriz do Banco. O complexo continuou em desenvolvimento e mais tarde, passou a abrigar residências, lazer, hospitais e escolas para os mais de 9000 funcionários e suas famílias, além dos escritórios. Em 1959, com a inauguração do Prédio Azul este passou a ser considerado o edifício-sede do Banco, por abrigar a diretoria.[27][28]
Nessa década, o Banco chega ao norte rural do Paraná e decide também erguer sua nova sede em Osasco. A construção da matriz inicia-se em 1953 e leva seis anos para ser concluída. Seu crescimento consistente na década de 1960 foi construído com base em um esquema misto de conservadorismo, reinvestimento de lucros e também de aquisições, quando são incorporados nada menos que 17 outros pequenos bancos. Em 1956, Aguiar criou a Fundação Bradesco para promover a inclusão e o desenvolvimento social a partir da educação.[29][30]
Em 1957, adquiriu o Banco Nacional Imobiliário (BNI), do banqueiro Orozimbo Roxo Loureiro, que enfrentou problemas de liquidez. A partir de tal aquisição, o Banco Bradesco reabriu as 46 agências bancárias antes pertencentes ao BNI em São Paulo.[31]
No mesmo período, Amador Aguiar fortaleceu internamente a cultura do Banco, ao implementar um atendimento mais próximo entre o gerente e o cliente. Os gerentes passaram a colocar suas mesas na porta das agências e a diretoria passou a trabalhar de forma conjunta, em torno de uma única mesa, dividindo e compartilhando informações. Apenas com a chegada de computadores, foram montadas mesas individuais.[22]
Em 1962, o Banco Bradesco tornou-se a primeira empresa latino-americana a incluir a automação de computadores como parte de suas operações diárias e, até o fim da década, todas as agências estavam interligadas por Telex.[19][22][32]
Em 1967 adquiriu o Banco Porto-Alegrense, que havia se tornado praticamente um banco familiar,[33] possuía a matriz e duas agências.[34]
No ano seguinte, em maio de 1968, o Banco Bradesco comprou o INCO-Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina, com 108 agências, incluindo a matriz.[35] No mesmo ano, lançou o primeiro cartão de crédito do país.[19][36]
A década de 70 foi marcada por investimentos em tecnologia e consequente pioneirismo na modernização do sistema bancário.
Em 1972 foi criada a Gráfica Bradesco S.A., embora o Banco já desenvolvesse internamente atividades gráficas em sua oficina tipográfica, desde 1948.[37][38]
Um ano depois, seguindo o movimento de aquisições, comprou o Banco da Bahia, somando 200 sucursais à sua rede. Seguindo o processo de expansão, em 1978, inaugurou a 1000ª localização física em Chuí, na ponta sul do Brasil.[22][39][40]
Ainda nos anos 70, o Banco Bradesco inovou e passou a disponibilizar o pagamento de débito automático para as contas de luz, água e telefone para seus clientes corporativos.[19]
No final da mesma década, também introduziu no mundo das operações bancárias os leitores de código dos cheques (chamados "CMC-7") em 1979, sendo o primeiro no mundo a desenvolver tais artefatos, depois da recusa das empresas estrangeiras líderes de desenvolverem um produto para o mercado local.[41][42]
Outro passo importante foi a montagem da estrutura de microfilmagem de documentos, em 1968, como os cheques, a partir da compra do sistema denominado Computer Output Microfilm (COM), desenvolvido nos Estados Unidos.[38][43]
Na década de 70, criou o SOS Bradesco, caixa de autoatendimento que realizava saques e consultas sem a necessidade de entrar na agência, uma das primeiras versões do que hoje conhecemos como Bradesco Dia & Noite.[44]
Em 1979, em parceria com outras corporações, o Banco Bradesco constituiu a empresa Laboratório Digital S.A. (Digilab), tendo como um dos principais objetivos a fabricação de impressoras para computador. Através de tal empreendimento, o Banco colaborou para o fomento da indústria eletrônica digital do país.[45]
Em 1981, o primeiro terminal de operação eletrônica foi instalado na agência da praça Pan-Americana, em São Paulo, e utilizava cartões magnéticos para realizar operações bancárias como saques, depósitos e consultas de saldo.[38]
No ano seguinte, foram abertas as primeiras representações internacionais da Organização: agências em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e Grand Cayman, no Caribe, além do escritório de representação em Londres, na Inglaterra.[38]
Na sequência, em 1983, foi instalado o primeiro terminal para o que na época ainda se chamava "telecompras", projetado para ser instalado em lojas, postos de gasolina, magazines e supermercado. O terminal debitava o valor da compra da conta do cliente e creditava simultaneamente à conta do estabelecimento.[46]
Em 1986, o Banco Bradesco lançou o Bradesco Instantâneo Dia e Noite, que foi o primeiro banco automático da rede, localizado no aeroporto de Congonhas.[47] Em 1983, o banco comprou uma das maiores companhias de seguros do Brasil, o Grupo Atlântica Boavista e, ao fundir suas operações, criou a Bradesco Seguros.[48]
Em 1990, Aguiar deixou seu papel como presidente do Banco, e no ano seguinte faleceu, em São Paulo.[24]
Com o fim da reserva de mercado de informática, em outubro de 1992, o Banco Bradesco começou a se desfazer das atividades industriais da Digilab. Contudo, a empresa continuou a existir, controlando as participações acionárias do Banco em outras empresas de informática, perdurando até o segundo semestre de 1994.[49]
Em outro movimento estratégico no campo societário, sem utilizar-se inicialmente de uma aquisição direta, foi feita uma parceria com o portal Carsale, que passa a ser a loja-âncora exclusiva de automóveis do ShopFácil.[50]
Ainda em 1992, seguindo o processo de modernização, o Banco passou a utilizar fibra ótica e laser. Em 1995, implementou a primeira rede de alta velocidade de longa distância do país, que integrava voz, dados e imagens. No mesmo ano, com todas as suas agências interligadas online e em tempo real, o Banco Bradesco se tornou pioneiro na internet comercial no Brasil.[38]
Em 1995, a Visa Internacional em conjunto com o Banco Bradesco, Banco Real, Banco do Brasil e o Banco Nacional, decidiram criar a processadora dos cartões de crédito da bandeira Visa. Nasceu a Companhia Brasileira de Meios de Pagamento (CBMP) (atual Cielo), empresa líder no mercado brasileiro de meios eletrônicos de pagamentos.[51] No ano seguinte, o Bradesco lançou um dos primeiros sistemas de internet banking no mundo e o primeiro na América Latina.[52]
No mesmo ano, através de uma parceria entre o Banco Bradesco e a Tec Toy, foi lançado um sistema de informações de contas bancárias com a utilização de videogames. Pioneiro no país, o cartucho especial chamava-se TeleBradesco Residência Jovem e poderia ser utilizado por clientes Bradesco que possuíssem videogames Mega Drive, para ter acesso a dados de sua conta bancária como saldo, lançamentos futuros e extrato de cartão de crédito.[53][54]
Na sequência, como ação estratégica de marketing para atender a um público específico direcionou-se ao processo de privatização dos bancos estaduais, fortes detentores de contas de funcionários públicos. Primeiro, em 1997, o mineiro Credireal (R$ 121 milhões), o Banco do Estado da Bahia (Baneb; R$ 260 milhões) em 1999, e o Banco do Estado do Amazonas (BEA), em 2002. [55][56][57][58]No caso do BEA, a presença do Bradesco no estado do Amazonas passou de 12,5% para 40%, com cinquenta agências. O Banco ainda ganhou na época 131 mil correntistas, quatro vezes mais do que já possuía no estado.[59]
No mesmo ano, adquiriu o Banco de Crédito Nacional (BCN), o sétimo maior banco presente no mercado brasileiro desde 1929, por uma soma não divulgada.[60][61] Também em 1997, foi lançada a nova marca corporativa usada até os dias atuais.[62]
Dois anos depois, o Banco Bradesco se torna o único case da América Latina a ser citado no livro de Bill Gates, "A Empresa na Velocidade do Pensamento". No capítulo dedicado ao Banco, Gates destaca o pioneirismo do Banco Bradesco em relação à sua entrada na internet, além de apontar uma série de serviços disponibilizados pela instituição financeira.[63] No mesmo ano, Márcio Artur Laurelli Cypriano é indicado para o cargo de Diretor-Presidente do Banco.[64]
Ainda em 1999, o Banco Bradesco adquiriu o Banco Continental, tradicionalmente focado no Crédito Direto ao Consumidor (CDC).[65]
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