MARCAS E HISTÓRIAS: AZUL
David Neeleman, brasileiro criado nos Estados Unidos, que também foi o cofundador da WestJet e da Morris Air,[18] após sofrer afastamento da presidência da companhia que ele mesmo fundou, a JetBlue Airways, começou a anunciar, em março de 2008, seus planos de fundar uma nova companhia aérea low-cost no Brasil.[19][20] Mesmo sem nome definido, a empresa já tinha uma encomenda de 36 aeronaves do tipo E-195 da Embraer com opção de 40 unidades em um contrato estimado em 3 bilhões de dólares estadunidenses.[21]
Escolha do nome
Para definir o nome da nova operadora aérea, Neeleman criou um website chamado "voceescolhe.com.br" onde o público poderia registrar sugestões de nomes. Depois de cadastrados quase 110 mil usuários, as melhores sugestões foram selecionadas e colocadas novamente para votação. Entre os finalistas, estavam Abraço, Alegria, Azul, Samba e uma grande variedade de nomes com a palavra Brasil que não puderam ser usados pois já estavam registrados.[22] Além do nome, também foram colocadas enquetes para definir as cores das aeronaves, o tipo de serviço de bordo e o estilo dos uniformes da tripulação.[23] Para chamar a atenção do público, Neeleman anunciou que o primeiro internauta que sugerisse o nome escolhido ganharia passe vitalício na nova companhia com direito a um acompanhante.[24]
Após 1 mês com o site recolhendo sugestões e votos, o nome "Azul Linhas Aéreas Brasileiras" foi escolhido apesar de não ter sido a opção mais votada. Neeleman justificou a sua decisão dizendo que o nome Azul inspira sentimentos positivos, remete ao céu e é mais neutro do que Samba, nome que de fato recebeu mais votos. Neeleman concedeu o prêmio tanto para o internauta que sugeriu o nome Azul quanto ao que sugeriu o nome Samba.[22][24]
Começo das operações
Em 7 de novembro de 2008, a empresa recebeu, da ANAC, o Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo. Assim, pôde começar a solicitar os Horários de Transporte (HOTRAN),[6] que são autorizações para operação de transporte comercial aéreo no Brasil.[25] No quadro executivo inicial, se encontravam, entre outros, David Neeleman como CEO, Pedro Janot como presidente,[26] Cmte Miguel Dau como COO/Vice-Presidente Técnico-Operacional, Gianfranco Beting como diretor de marketing[27] e John Rodgerson como vice-presidente financeiro.[28] A Azul iniciou a venda de passagens no dia 4 de dezembro de 2008.[29]
O voo inaugural aconteceu em 15 de dezembro de 2008 fazendo a rota entre Campinas e Salvador e, posteriormente no mesmo dia, entre Campinas e Porto Alegre. No primeiro dia de operação, a taxa de ocupação das aeronaves foi de 62%, igualando a média de ocupação para voos nacionais de outras companhias aéreas daquele mesmo ano.[29] Em janeiro de 2009, a Azul já operava também rotas entre Campinas, Curitiba e Vitória[30] e planejava o início das operações para o Rio de Janeiro, no Aeroporto Santos Dumont.[31] Nesse mesmo mês, a Azul iniciou o serviço de ônibus executivo para transladar passageiros entre o centro metropolitano de São Paulo e o aeroporto de Viracopos, seu hub operacional.[32]
Aeroporto Santos Dumont

Após o início das operações, a Azul entrou com o pedido para fazer a rota entre Campinas e o Rio de Janeiro utilizando o aeroporto Santos Dumont,[31] mas o pedido foi negado pela ANAC[33] porque havia uma portaria do antigo Departamento de Aviação Civil, ainda em vigor na época, limitando o tráfego de aeronaves no aeroporto. Poderiam pousar ali apenas aeronaves vindas de dentro do estado do Rio ou que decolaram do aeroporto de Congonhas e só poderiam decolar do Santos Dumont apenas aeronaves do tipo turboélice com 50 assentos ou menos. Portanto, devido à configuração de suas aeronaves, a Azul só poderia operar no Rio dentro do aeroporto do Galeão.[34]
Com a recusa da ANAC, a Azul entrou com um processo na justiça para obter o direito de operar no aeroporto, uma vez que ela seguia todas as normas de segurança vigentes[35] e a ANAC, de acordo com a lei que a criou, não poderia impedir a exploração comercial do aeroporto dentro dessas condições.[36] A agência foi obrigada por decisão judicial a reavaliar o pedido de operação[33] e em seguida acabou revogando a portaria que limitava o aeroporto pois considerou que a indústria aeronáutica e os passageiros do Rio se beneficiariam mais sem as limitações.[37][38]
A decisão da ANAC gerou forte oposição do então governador do Rio, Sérgio Cabral Filho. Na tentativa de proteger as operações no aeroporto Galeão, que estava visado à privatização,[39] chegou a ameaçar a aumentar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do combustível[40] e não renovar a licença ambiental do aeroporto para inibir a operação das companhias aéreas. Sérgio Cabral, em entrevista, ridicularizou David Neeleman pelo seu sotaque americano e o chamou de "gringo" e "lobista".[39]
Fusão com a TRIP
Em maio de 2012, a Azul e a TRIP anunciaram uma fusão.[41][42] A TRIP era até então a maior empresa aérea regional na América Latina[41][43] e somada com a Azul tinham participação no mercado doméstico de mais de 14%.[41][42][43] Enquanto aguardavam a aprovação da fusão pela ANAC e pelo CADE, as companhias operaram de forma independente com Code Share, unindo suas malhas e o serviço de bordo.[44] Como resultado a Azul passou a ter um mercado maior na região norte e alguns aeroportos regionais, como o Aeroporto da Pampulha em Belo Horizonte, assim como passou a ter voos saindo do Aeroporto Internacional de Guarulhos.[45]
A fusão foi aprovada pela ANAC em novembro de 2012[46] e pelo CADE em março de 2013,[47][48] a companhia resultante permaneceu com o nome Azul e englobou algumas marcas visuais da TRIP, que deixou de operar com este nome. Para referenciar a fusão das companhias, um Embraer e um ATR foram deixados com as pinturas originais da TRIP.[49]

Em outubro de 2012, enquanto a TRIP e a Azul juntavam suas operações, o aeroporto de Viracopos que na época tinha 85% de suas operações efetuadas pela Azul ficou fechado por quase 46 horas em função de um MD-11 de carga operado pela empresa Centurion Air Cargo que teve avarias no trem de pouso durante aterrissagem no aeroporto. Como em Viracopos só havia uma pista, as operações tiverem que ser suspensas até a retirada do avião danificado e a reconstrução de partes danificadas na pista. Estima-se que 25 mil passageiros foram prejudicados nos 495 voos que foram cancelados. A Azul chegou a interromper a venda de passagens próximas ao dia do ocorrido.[50][51][52][53][54]
Compra da TwoFlex
Em janeiro de 2020, a Azul anunciou por 123 milhões de reais a compra da Two Flex, empresa aérea ultrarregional sediada em Jundiaí, no interior de São Paulo.[55] Com a compra, a Azul se beneficiará de novos 36 destinos que podem auxiliar a companhia em acordos de redução de ICMS com os estados brasileiros, além de herdar 14 novos slots (horários de vôos) no Aeroporto de Congonhas na cidade de São Paulo.[56] Essa compra, também, servirá como estratégia impedir o crescimento da sua concorrente Gol no mercado regional, que tem, até então, um acordo de venda de passagens com a companhia. [57]
Em maio do mesmo ano, foi anunciado que as 18 aeronaves Cessna Grand Caravan da Two Flex com capacidade de 9 passageiros operarão com o nome de Azul Conecta.[58]
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