MARCAS E HISTÓRIAS: AYRTON SENNA

Senna atraiu a atenção de diversas equipes de Fórmula 1 como WilliamsMcLarenBrabham e Toleman. Ao contrário do que se imagina, seu compatriota Nelson Piquet não se opôs à sua contratação pela Brabham. A patrocinadora da equipe, a Parmalat, tinha mais interesse em ter um piloto italiano na equipe do que ter dois brasileiros, influenciando na decisão da equipe em contratar o piloto italiano Teo Fabi para a temporada. Senna, imaginando que Piquet tinha mais influência na equipe, ficou ressentido, declarando em uma entrevista que "Ele (Piquet) não ajudou e nem atrapalhou", dando a entender que sua ida à Brabham foi vetada pelo então bicampeão mundial. Assim, das três remanescentes, apenas a equipe Toleman ofereceu a ele um carro para disputar o campeonato do ano de 1984.[24]

Senna marcou seu primeiro ponto no campeonato mundial de pilotos logo no segundo grande prêmio que disputou, em Kyalami na África do Sul. Ele repetiu o resultado duas semanas depois, no Grande Prêmio da Bélgica, disputado no circuito de Zolder. Uma semana depois, o piloto brasileiro não conseguiu tempo para o Grande Prêmio de San Marino, em Imola. Tal fato aconteceu devido a um desentendimento entre a equipe Toleman e a fábrica italiana de pneus Pirelli, Ayrton e seu companheiro de equipe, Johnny Cecotto, não puderam participar dos treinos de sexta-feira.[37] No sábado, sob chuva intensa, Ayrton Senna foi o piloto mais rápido na pista molhada, mas longe das marcas obtidas pelos seus adversários no dia anterior na pista seca. Depois, porém, com a pista seca, com muitos problemas no motor turbo Hart de seu Toleman, Senna se viu impedido de fazer um bom tempo.[38]

Uma semana antes do GP de Mônaco, ele participou do evento promocional Corrida dos Campeões de Nurburgring, ao lado de ex-campeões da F-1, como Sir Stirling MossJack BrabhamJohn SurteesPhil HillNiki Lauda e o futuro campeão Alain Prost. Todos correram com o mesmo carro de rua - um Mercedes 190 E 2,3 - 16 - e Senna chegou em primeiro, logo à frente de Niki Lauda.[39]

Senna venceu a corrida de exibição feita para celebrar a inauguração do novo Nürburgring em 1984.

No GP de Mônaco, seu desempenho trouxe-lhe todas as atenções das demais equipes. Classificou-se em 13º no grid de largada, e fez um rápido progresso através das estreitas ruas de Monte Carlo. Na volta 19, passou Niki Lauda, que estava em segundo, e começou a ameaçar o líder Alain Prost, e continuou por várias voltas lutando pelo primeiro lugar com seu limitado Toleman. A esta altura já chovia muito no circuito e a corrida foi interrompida na volta 31 por razões de segurança. Senna chegou a comemorar a vitória ultrapassando Alain Prost a poucos metros da linha de chegada, mas, nesses casos, o regulamento mandava considerar as colocações da volta anterior e, ainda, por ter sido interrompida com menos da metade da corrida, os pontos deveriam ser computados pela metade.[24] Senna ainda ganharia dois pódios naquele ano - terceiro no Grande Prêmio da Grã-Bretanha, em Brands Hatch, e no GP de Portugal, em Estoril. Isso o deixou empatado com Nigel Mansell com treze pontos, apesar de ter perdido o GP da Itália quando a Toleman o suspendeu de correr por quebra de contrato, depois de ele ter assinado com a Lotus para a temporada seguinte. Suas atuações fizeram-no a revelação da temporada, segundo revistas especializadas.[40]

Ainda em 1984, Senna tomou parte nos 1000 km de Nürburgring, onde pilotou o Porsche 956, correndo em parceria com Henri Pescarolo e Stefan Johansson.[41] Apesar de ser sua estreia nesse tipo de competição, Ayrton Senna conseguiu fazer a melhor volta em três oportunidades durante a corrida, tanto em pista seca como em condições de chuva,[42] além de marcar o sétimo melhor tempo, embaixo de chuva. Somados os tempos dos três pilotos, a equipe largou em nono lugar.[43] No final, a equipe de Ayrton terminou em oitavo lugar sendo prejudicada por um problema que obrigou o carro a ficar parado durante 17 minutos, aproximadamente oito voltas. A equipe acreditava na época que sem o referido problema, o carro chegaria em terceiro lugar.[42][43] Esta corrida, juntamente com a Corrida dos Campeões de Nurburgring, foram as únicas que Senna realizou correndo em carros com cockpit fechado.[24]

Em novembro de 1984, Ayrton sofreu uma paralisia facial, que a princípio se pensou ser um derrame. Na verdade era uma paralisia facial periférica, resultado de uma mastoidite, inflamação do nervo mastoide, responsável pelos comandos do cérebro à musculatura facial. No princípio, Senna tratou a doença com altas doses de cortisona, porém, com medo de efeitos colaterais, experimentou um tratamento alternativo com o médico Haruo Nishimura. No entanto, o tratamento não surtiu efeito, tendo assim que voltar ao tratamento convencional. O problema foi resolvido quando o preparador físico Nuno Cobra começou a tratar do piloto.[44]

1985-1987: Lotus

Na Lotus, em 1985, ele tinha como parceiro o italiano Elio De Angelis. Senna largou em quarto na sua primeira corrida pela nova equipe na abertura da temporada no Brasil, no circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, mas abandonou a prova devido a problemas elétricos. Na segunda corrida do ano, o GP de Portugal, disputado no Autódromo do Estoril, em 21 de abril de 1985, conseguiu sua primeira vitória na Fórmula 1, largando na pole position sob pesada chuva. Alain Prost, em segundo, abandonou depois de bater no muro. Ayrton Senna conseguiu sua segunda vitória, também sob chuva, no GP da Bélgica, no circuito de Spa-Francorchamps.[24] Graças ao seu excelente desempenho nos treinos e ao motor Renault, Senna passaria a ser o "rei das pole positions". Encerraria o ano com uma corrida marcante no GP da Austrália, quando repetiu um feito de seu ídolo Gilles Villeneuve e pilotou um bom tempo sem o bico do carro, saindo várias vezes da pista mas mantendo a segunda posição. O carro mais uma vez não aguentou o esforço e Senna abandonou a corrida. Senna terminou a temporada em 4º lugar no Campeonato Mundial de Pilotos com 38 pontos e seis pódios (duas vitórias, dois segundos e dois terceiros lugares), além de sete pole positions.[24] Devido ao seu desempemho, foi eleito o mais popular e o melhor piloto da temporada segundo a revista Autosprint.[45]

Senna pilotando para o Lotus 98T no GP da Inglaterra de 1986, em Brands Hatch.

Em 1986, a Lotus escolheu o escocês Johnny Dumfries como parceiro, com o aval de Senna, que vetou o inglês Derek Warwick sob a alegação de que a Lotus não tinha condições de manter carros competitivos para dois pilotos de ponta ao mesmo tempo. A nova Lotus 98T mostrou ser mais confiável em 1986 e a temporada começou bem para Senna, que terminou em segundo na corrida vencida pelo também brasileiro Nelson Piquet, no GP do Brasil em Jacarepaguá. Reconhecendo estar com um carro inferior aos da Williams e McLaren, Senna passou a adotar uma estratégia de não parar para trocar pneus, buscando ficar na frente dos adversários o maior tempo possível. Com essa tática, ele passou a liderar o campeonato pela primeira vez na carreira, depois de vencer o GP da Espanha, em Jerez de la Frontera, no qual bateu a Williams de Nigel Mansell por 0,014s - uma das menores diferenças de chegada da história da F1.[24]

Todavia, a liderança do campeonato não foi mantida por muito tempo, já que Senna abandonou diversas outras corridas por problemas mecânicos. A caça ao primeiro título mundial acabou sendo uma luta entre Prost e sua McLaren-TAG e a dupla Piquet e Mansell da Williams-Honda. Na Hungria, um circuito ainda mais travado (onde as ultrapassagens são mais difíceis), repetiu uma vez mais a estratégia, mas foi ultrapassado por Nelson Piquet. Ainda nesse ano, Senna se tornaria definitivamente um ídolo no Brasil ao conquistar sua segunda vitória na temporada no GP dos Estados Unidos, disputado em Detroit, e terminou o campeonato novamente na quarta colocação, com 55 pontos, oito poles e seis pódios.[24]

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